CEM DIAS DE PARALISAÇÃO DO PROJETO JBS
Produtor Rural do Mato Grosso acumula prejuízos e o caso chega ao Banco CentralO maior processador de carnes do mundo, o JBS Friboi, está sendo processado por ter paralisado projeto pecuário na Fazenda Jequitibá em Nova Mutum (MT). O projeto do JBS, voltado para a produção de bovinos de corte, no sistema de cria e recria em pastagens e engorda de animais precoces em confinamento, está paralisado há mais de cem dias.No processo judicial, as três empresas do Grupo JBS foram acionadas: a JBS S.A, o Banco JBS e o JBS Negócios, uma consultoria subsidiária do banco. O juiz da 1ª Vara Cível do Foro Regional IV de São Paulo, Julio César Silva de Mendonça Franco, deu decisão favorável ao pecuarista Milton Clemente Juvenal e determinou que as empresas entreguem o projeto vendido ao produtor rural e as notas de negociação, as quais Juvenal afirma terem sido negociadas fora dos rígidos padrões pré-contratados.O caso chegou ao Banco Central: o advogado do produtor rural, Nacir Sales, entrou com uma representação contra o Banco JBS no Banco Central do Brasil por conta da triangulação de empresas que operam dentro da sede do Banco JBS, uma vez que o Banco JBS está praticando venda casada com serviços de outras empresas do Grupo JBS.De acordo com Nacir Sales o JBS Negócios Agropecuários foi contratado pelo produtor rural em março do ano passado para projetar a produção de gado de corte. “Todo o projeto seria financiado pelo Banco JBS, e uma parte do gado seria vendida ao frigorífico. Em junho de 2010, a consultoria do JBS negociou a data de abate e o valor da arroba bem abaixo do mercado, antes mesmo de comprar o gado e conhecer o preço de custo, o que causou enormes prejuízos ao pecuarista”, afirmou.Sales explicou que com o afastamento do diretor de projetos do JBS e do gerente de negócios o JBS perdeu a capacidade de prestar o serviço contratado. “Perdendo quadros o JBS terceirizou o serviço, paralisou tudo e contratou a Projepec, que voltou ao ponto zero para re-estudar o projeto de Milton Clemente Juvenal com o propósito de propor um novo projeto e a reestruturação da rela-ção. Porém, enquanto isso, o pecuarista aguarda um posicionamento... há mais de cem dias, com o projeto totalmente paralisado”, disse Nacir.Para o advogado, calcular os danos do pecuarista é algo bem simples: “Basta imaginar as 140 unidades de produção do JBS, espalhadas pelo mundo, igualmente paralisadas, por cem dias. Para o produtor rural, o caso é o mesmo, porém real, sem imaginação: e ele não possui 140 fazendas espalhadas pelo mundo, só uma... paralisada pelo oligopólio”, pontua.Nacir Sales, que é autor de 27 livros, explica que "no Mato Grosso a concentração de mercado é próxima de 60%, ilegal... e incentivada pelo BNDES: o produtor não tem o direito de escolha, só o BNDES escolhe e escolheu o JBS".Já Juvenal relata que poderia aceitar as imposições do JBS e arcar com os prejuízos, “mas amanhã ou depois, o mesmo fato aconteceria com outro produtor, assim como está acontecendo comigo hoje: resolvi dar um basta e recorrer às autoridades, no mercado oligopolizado a opção é o JBS ou as autoridades”, avalia. 02/02/11O JBS é o maior produtor de proteína animal do mundo e seu crescimento acelerado deu-se sob o patrocínio do BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. Também é o maior contribuinte da campanha presidencial de 2010. O rápido crescimento fez aumentar os problemas de produtores rurais, uma vez que o mercado tornou-se oligopolizado, provocando reações de trabalhadores e pecuaristas no Brasil e em diversas partes do mundo.
Fonte: Jornow
02/02/11